Em algum bar mal iluminado, rodeado por amigos e promessas de uma noite memorável, está um jovem segurando um copo. Não é apenas um copo de cerveja ou uma taça de vinho, é uma espécie de ritual social. Mas o que faz com que a geração actual mergulhe cada vez mais nesse universo líquido e eufórico?

O álcool virou combustível de um estilo de vida onde valoriza-se a intensidade. A juventude, que já cresceu com as redes sociais e a cultura do “fomo” (medo de ficar de fora), quer viver tudo de uma vez.

A influência dos grupos de amigos, a busca por aceitação e a construção de uma identidade são elementos cruciais na adolescência ou juventude. Nesse contexto, o consumo de álcool pode ser visto como um ‘’passaporte’’, sinónimo de pertencimento para determinados círculos sociais ou coragem líquida para as conversas difíceis e até mesmo uma tentativa de anestesia para o caos do mundo actual, alimentando a ideia de “ser cool” é consumir álcool.

Os desafios da vida moderna, como a pressão por resultados, as incertezas do futuro e as relações interpessoais cada vez mais complexas têm gerado um aumento nos casos de ansiedade e depressão entre os jovens. Nessa busca por alívio ou afogar as mágoas, alguns encontram no álcool uma forma de “escapar” da realidade, mesmo que seja por um curto período.

Mas também, os media, as redes sociais e a publicidade, muitas vezes, reforçam essa ideia, associando a bebida a momentos de diversão e sucesso. “É quase como se fosse parte de um livro não escrito”, afima Filomena Bule, estudante moçambicana de 23 anos.

“Você sai, conhece pessoas, e tudo começa com um drink”, conta Bule, em entrevista exclusiva a Entre Aspas. É assim que as coisas acontecem. A normalização do consumo de álcool está no centro do comportamento social dos jovens, com mensagens implícitas em filmes, músicas e até nas novas tendências de coquetéis coloridos que espalham-se pelo TikTok.

Mas há algo mais profundo do que o simples hedonismo. Para muitos jovens, o álcool é uma fuga. É uma pausa mental em um mundo que exige respostas rápidas, performance constante e decisões esmagadoras. “A gente bebe para esquecer, mas também bebe para lembrar”, confessa Filipe Vilanculos, outro estudante moçambicano, de 19 anos, cursando Direito que comentou com Entre Aspas sobre o assunto.

É importante ressaltar que o consumo excessivo de álcool pode trazer sérias consequências para a saúde física e mental dos jovens, como problemas no fígado, acidentes, vícios e dificuldades de aprendizado. Além disso, o álcool pode afectar o desenvolvimento do cérebro, que ainda está em formação nessa fase da vida.

Os alertas sobre os riscos do consumo excessivo estão aí, claro. Mas quem está realmente ouvindo? Para uma geração que cresceu em tempos de mudanças climáticas, crises económicas e incerteza política, o futuro já é assustador o suficiente. Talvez o copo na mão seja mais uma tentativa de fazer o presente valer a pena.

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Milca Nhabanga

Sou Milca Nhabanga, 26 anos, residente em Intaka, estou a concluir o 4º. ano de Licenciatura em Jornalismo pela Universidade Eduardo Mondlane (UEM). Apaixonada pela comunicação, actuo na área de redacção e audiovisual, com foco em narrativas dinâmicas e envolventes que capturam o impacto da informação

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