O fotógrafo, jurista e activista ambiental Bruno Gomes foi um dos rostos presentes na Oficina de Fotografia Transversal, que teve lugar na semana passada no Instituto Guimarães Rosa, em Maputo.

Em entrevista exclusiva a Entre Aspas, Gomes falou sobre a relação cada vez mais interligada entre a fotografia e o jornalismo, destacando o impacto que a arte visual tem na sociedade.

De acordo com Gomes, a fotografia é um meio poderoso de comunicação visual, capaz de despertar emoções de forma imediata e profunda, especialmente num país como Moçambique, marcado por uma vasta diversidade cultural e desafios sociais.

Gomes sublinha que ao capturar momentos, a fotografia pode não só transmitir a beleza natural do país, como também denunciar a falência social, o desrespeito aos direitos humanos e questões ambientais urgentes. “A fotografia dá vida ao indescritível”, afirma, reconhecendo também a importância da escrita, mas reforçando que a narrativa visual tem uma força única.

O avanço tecnológico também foi abordado por Gomes, que destacou o papel das câmaras digitais de alta resolução, drones e inteligência artificial no desenvolvimento da fotografia contemporânea. Para ele, essas ferramentas democratizam a prática fotográfica, permitindo novas explorações visuais, mas sem jamais substituir o valor artístico que depende da sensibilidade do fotógrafo. “Nenhuma Inteligência Artificial pode suprir a sensibilidade criativa que habita no fotógrafo”, defende.

No entanto, a crescente facilidade de manipulação digital traz desafios éticos. Gomes enfatiza a responsabilidade do fotógrafo em documentar a realidade com fidelidade, especialmente ao abordar questões sensíveis como a pobreza, violência e desastres naturais. Segundo ele, “a dignidade humana deve ser sempre preservada”, e a veracidade das imagens é fundamental, pois a manipulação pode distorcer a percepção dos acontecimentos.

A fotografia, para Bruno Gomes, é uma ferramenta transformadora, capaz de dar voz às comunidades marginalizadas e pressionar as autoridades a tomarem medidas em prol da justiça social. Ele acredita que o seu impacto vai além da documentação, funcionando como um meio de educação e sensibilização, ultrapassando barreiras linguísticas e promovendo empatia entre diferentes grupos sociais.

Por fim, Gomes encoraja fotógrafos a desenvolverem um estilo singular, mas alerta para a importância de se manterem atentos às tendências, buscando um equilíbrio entre originalidade e relevância contemporânea. Em sua visão, a fotografia tem o poder de provocar uma autêntica revolução social.

Bruno Fernandes Gomes, conhecido apenas como Bruno Gomes é jurista, fotógrafo e activista ambiental e climático. Actualmente, actua como director de Programas na Cooperativa de Educação Ambiental Repensar. Ele tem vasta experiência em campanhas públicas de limpeza, projectos de economia circular e pesquisas sobre gestão de resíduos sólidos e poluição marinha. No plano internacional, é Membro Fundador da Rede de Jovens Africanos Resilientes 40 e Delegado de Moçambique para a Plataforma Youth for Climate. Em Moçambique, ele também fundou a Associação para Promoção da Inclusão Social da Juventude e Diversidades, além de participar do Conselho Consultivo da Juventude. Gomes esteve presente em várias cimeiras ambientais, incluindo a Pre-Cop26 e a Primeira Cimeira Africana do Clima em 2023. Como fotógrafo, documenta eventos políticos e ambientais, incluindo manifestações pacíficas. Em 2024, inaugurou a sua primeira exposição fotográfica física, “Simbiose”, que aborda o impacto humano nas mudanças climáticas.

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Denise Fato

Denise Fato é uma estudante de Relações Públicas pela Escola Superior de Jornalismo. Apaixonada pela arte de escrita e todos os ramos da comunicação. É idealista e criativa. É jornalista na revista Entre Aspas, concentrando-se em assuntos ligados a Tecnologia e Inovação.

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