“A minha arte é a única ferramenta que tenho para contribuir para a melhoria do país”, assume Butcheca. O artista plástico falava esta quarta-feira, dia 16, durante a cerimónia de inauguração da sua exposição “Abraçar o caos” no Camões – Centro Cultural Português, em Maputo.

Em entrevista exclusiva a Entre Aspas, o artista que soma mais de 15 exposições individuais partilhou a sua indignação perante os fenómenos sociais e políticos que afligem o país, sobretudo na Zona Norte. É esta inquietação que o inspira, e, porque não, é deste caos que ele aborda em mais uma aventura visual.

Butcheca considera Moçambique um país de “muitos problemas” e, por isso, sublinha a urgência de se abordar estas questões. Aliás, como artista, Butcheca concetra-se em retratar estes mesmos problemas em tela e foi o que se viu na sua última exposição, perante um público diverso, entre artistas, gestores culturais, activistas e outros.

“Abraçar o caos” é uma mostra que surge como resultado da sua criação nos últimos 14 anos, período que, embora tenha continuado a produzir e expor as suas obras, carregava uma dívida consigo mesmo por ainda não ter alcançado o nível de impacto que desejava.

Para Butcheca, a arte é muito mais do que expressão pessoal, é também um veículo de transformação social. O artista compartilhou que, apesar das dificuldades, busca constantemente aprender com os outros, aproximar as pessoas para que, juntos, possam enfrentar e resolver os problemas do país.

Entre as obras patentes na galeria do Camões, destacou uma peça intitulada “A máscara”, que simboliza a incerteza sobre o que está oculto atrás de uma fachada, ao mesmo tempo em que carrega um forte simbolismo de “não-violência”.

Depois de, finalmente, apresentar a mostra “Abraçar o caos”, Butcheca quer enfrentar novos voos, permitir que públicos fora da capital possam viver a arte. Para o efeito, tem um projecto em manga, que consiste em expandir a arte para além da capital Maputo, oferecendo recursos, como o lápis e as telas para jovens aspirantes, criando um movimento que democratize o acesso à expressão artística.

“Temos uma arte muito concentrada em Maputo, e o que eu quero para os próximos dias é reunir novos talentos e levar a arte para os distritos e províncias”, explicou, acrescentando que “quero tocar o lado humano que tenho, que é ajudar o próximo, sobretudo os mais novos”.

A mostra patente até 16 de Novembro reúne mais de 10 obras com técnicas como colagem, acrílico e carvão sobre tela; óleo e colagem sobre metal; acrílico, óleo e carvão sobre tela; carvão e acrílico sobre tela; e acrílico sobre metal.

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Denise Fato

Denise Fato é uma estudante de Relações Públicas pela Escola Superior de Jornalismo. Apaixonada pela arte de escrita e todos os ramos da comunicação. É idealista e criativa. É jornalista na revista Entre Aspas, concentrando-se em assuntos ligados a Tecnologia e Inovação.

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