O Monte Cabeça do Velho, localizado na província de Manica, em Moçambique, é um dos maiores símbolos naturais do país, destacando-se, tanto pela sua impressionante beleza quanto pela rica herança cultural e histórica que o cerca.
Com 1.135 metros de altura, o monte é facilmente reconhecível por sua forma única, que lembra o perfil de um velho, dando origem ao seu nome. Este icónico ponto turístico não só atrai aqueles que buscam contemplar a natureza, mas também os que têm interesse em explorar a profunda conexão entre o local e as tradições de Moçambique
Sandra Carlos Naite é uma das visitantes daquela montanha. Nascida em Chimoio, e há 19 anos em Maputo, só regressou a terra-natal em Janeiro do ano passado, mas não se esquece dos melhores momentos que passou no cume do monte.
Em entrevista exclusiva a Entre Aspas, Naite recorda que, sempre que possível, faziam pique-niques naquele lugar, aproveitando a paz e a beleza invulgar. Agora, com as ocupações do dia-a-dia ainda não se atreveu a subir a montanha, mas ainda é marcante a sua última expedição, em 2017, quando voltou à cidade em visita à sua mãe, com quem vive agora, depois de quase duas décadas na capital.
Tal como para Sandra Naite, o Monte Cabeça do Velho é um verdadeiro paraíso para os amantes do ecoturismo e da aventura. A caminhada até ao topo, que pode ser considerada um desafio físico, recompensa os visitantes com uma vista panorâmica espetacular da região. De lá, é possível observar o vasto rio Zambeze serpenteando ao fundo e uma planície de rara beleza, caracterizada pela vegetação típica da região central de Moçambique.
A biodiversidade local também é uma atracção à parte. Durante a subida, os visitantes são agraciados com uma rica flora e fauna, que tornam o percurso ainda mais fascinante. A região abriga diversas espécies de plantas e animais, muitos dos quais só podem ser encontrados nessa área, tornando o lugar ainda mais valioso para os estudiosos da natureza.
Além de sua beleza natural, o Monte Cabeça do Velho é um ponto de significativa importância cultural para as comunidades locais. Muitas pessoas da região acreditam que o local possui um carácter sagrado, sendo considerado um lugar de espiritualidade e reverência. A montanha é, para essas comunidades, um símbolo de força e sabedoria, ligado a rituais tradicionais que remontam a séculos.
Esse vínculo profundo com as crenças locais é um dos aspectos que torna o Monte Cabeça do Velho ainda mais fascinante. Não apenas um destino turístico, mas um lugar onde a história e a espiritualidade se entrelaçam, oferecendo aos visitantes uma experiência que vai além da simples observação da natureza. Ao visitar o monte, é possível vivenciar um pouco das tradições e da vida cotidiana das comunidades que habitam as áreas ao redor, que continuam a preservar suas práticas culturais de geração em geração.
Conta-se que depois de escalar o cimo do monte, é proibida a prática de actos como beijar, manter relações sexuais, urinar, defecar, assim como deixar por lá instrumentos que tenha sido trazidos, pois, alegadamente, pode constituir uma afronta aos espíritos.
O Monte Cabeça do Velho é, sem dúvida, um dos maiores tesouros naturais e culturais de Moçambique. Sua beleza estonteante, aliada à importância histórica e espiritual do local, o torna um destino único e imperdível para quem visita o país.
No entanto, para que o local continue a ser um símbolo de Moçambique e um ponto de conexão com a natureza e a cultura, é fundamental que sejam adoptadas práticas de preservação ambiental e respeito pelas tradições locais. Só assim o Monte Cabeça do Velho poderá continuar a encantar turistas e manter sua relevância como um patrimônio precioso para todos.
Cacilda Zunguze
Chamo-me Cacilda Zunguze, tenho 23 anos de idade, e moro na cidade da Matola. Curso do 4.º ano de Licenciatura em Jornalismo na Escola de comunicação e Artes (ECA) da Universidade Eduardo Mondlane (UEM). Tenho admiração pela área da escrita e edição de vídeos e textos. No projecto Entre Aspas dedicou-me a editoria de Turismo & Meio Ambiente.