Entre os dias 18 e 20 do mês corrente, a cidade da Beira foi palco da 4ª edição da Feira do Livro da Beira (FLIB-2024), subordinado ao lema “Encontro entre Literatura, Direito e Religião”. A feira reuniu escritores, académicos, jornalistas, estudantes e diversos entusiastas da cultura e da literatura moçambicana.

A edição foi marcada por actividades como palestras, debates, saraus culturais, oficinas de comunicação e sessões de autógrafos. O principal objectivo da feira era promover o livro como instrumento essencial para o desenvolvimento do país.

No primeiro dia da feira, na passada quarta-feira (18), na Livraria Fundza, Luís Bernardo Honwana, escritor homenageado desta edição e autor da emblemática obra “Nós Matámos o Cão-Tinhoso”, proferiu uma palestra sobre o papel do livro na sociedade. Para Honwana, o livro é o único meio eficaz capaz de impulsionar o desenvolvimento de uma nação, especialmente em um país como Moçambique.

Segundo Luís Honwana, "não existe nenhum outro instrumento, senão o livro, para que qualquer país desenvolva em diversas áreas". Salientou que o combate à pobreza e a solução dos problemas nacionais nas áreas da educação, saúde, segurança e tecnologia só serão possíveis por meio do conhecimento acumulado nos livros.

Além de destacar a importância do livro, Honwana fez uma crítica à forma como o debate sobre a literatura é, por vezes, tratado de maneira superficial.

Outro tema central abordado por Honwana foi a valorização das línguas nativas de Moçambique. O escritor expressou sua indignação ao perceber que muitas pessoas moçambicanos sentem-se envergonhados ao utilizar seus idiomas de origem. Para ele, é fundamental que o país se orgulhe da sua diversidade linguística, enxergando essa riqueza como um factor essencial para a identidade nacional. “Moçambique deve orgulhar-se por ter vários idiomas”, disse ele, incentivando a preservação e a promoção das línguas locais.

Debates sobre a relação entre Literatura, Direito e Religião e o "Inventário da Memória"

Dando continuidade às actividades da FLIB-2024, na quinta-feira (19), o Centro Cultural Português na Beira recebeu dois painéis de debates que discutiram temas centrais da feira: a relação entre literatura, direito e religião e o conceito de memória. O primeiro painel, intitulado “Relação entre Literatura, Direito e Religião” contou com a participação de José dos Remédios, jornalista e ensaísta, e dos professores universitários Martins Mapera, Fernando Chicumule, Nelson Moda, Cremilde de Andrade e Nídia Chamussora, com moderação de Carla Karagianis e Cidália Alberto. Os palestrantes discutiram como o Direito e a religião abordam valores e princípios que orientam a sociedade, mas ressaltaram que essas áreas nem sempre caminham em harmonia. Em contraste, a literatura foi apontada como um espaço mais flexível e inclusivo, que reflecte os diferentes comportamentos e interações sociais, permitindo que tanto o Direito quanto a Religião sejam representados de formas diversas nos textos literários.

No segundo painel, “Inventário da Memória”, os palestrantes exploraram o uso da memória não apenas como um meio de revisitar o passado, mas como um instrumento que pode iluminar o presente e orientar o futuro. A obra de Luís Bernardo Honwana, “Nós Matámos o Cão-Tinhoso”, foi o ponto de partida para a reflexão sobre as cicatrizes do colonialismo em Moçambique e em África.

Encerramento com Sarau Cultural e valorização da literatura moçambicana

O último dia da FLIB-2024, na sexta-feira (20), foi marcado por um sarau cultural realizado na Casa do Artista, com destaque para a actriz Ana Magaia, que apresentou uma leitura encenada do conto "Rosita até Morrer", de Luís Bernardo Honwana. Magaia, enfatizou o impacto motivacional que interpretar uma obra de Honwana tem sobre ela, trazendo à tona memórias da sua juventude e de suas primeiras experiências nos palcos do país.

A ovento foi realizada em vários locais da cidade da Beira, como a Universidade Licungo, a Livraria Fundza, o Centro Cultural Português e a Casa do Artista. Com essa edição, a FLIB consolidou-se como um dos eventos literários mais importantes de Moçambique, promovendo não apenas a leitura, mas também o debate crítico sobre os desafios sociais, políticos e culturais do país.

A FLIB é promovida pela Associação Kulemba, e consolidou-se como um dos maiores encontros literários de Moçambique

Raquieta Raso

Raquieta Raso, tenho 22 anos de idade, estudante de Jornalismo, 4.º ano na Escola de Comunicacao e Artes da Universidade Eduardo Mondlane. Sou apaixonada pelo audiovisual, e tenho excelentes habilidades como operadora de camera e editora de videos. Actualmente, sou Jornalista estagiária na Entre Aspas e escrevo nas categorias de Cultura & Artes e Lifestyle & Bem-estar.

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