O cineasta e Director Executivo da NetKanema, Ivandro Maocha, desacredita que em Moçambique existe uma indústria cinematográfica. Segundo o cineasta, numa entrevista exclusiva a Entre Aspas, Moçambique não apresenta condições suficientes para o uso do termo ‘indústria cinematográfica’, porque realizadores apenas actuam na área pelo amor à sétima arte.
“Para que exista uma indústria cinematográfica é necessário que os próprios cineastas sintam o retorno do seu investimento; só há uma indústria cinematográfica num país em que o cineasta vive apenas do cinema, e Moçambique ainda não chegou nesse nível, logo, em Moçambique, não existe uma indústria cinematográfica”, assume.
Para Maocha, a arte em Moçambique não dá retorno financeiro, principalmente´o cinema, contrariamente a outros países que se beneficiam de forma directa do suor do seu trabalho, onde se vive da arte, e ainda mais, recebe-se de volta o orçamento da obra nas bilheteiras de salas de cinema.
Nos dias de hoje, os fazedores da arte reinventam-se, não para a inovação, mas para a sua subsistência, “encontramos artistas a serem cobradores, cineastas taxistas, porque não é possível viver de arte em Moçambique”, disse o nosso entrevistado.
Porém, não nega a possibilidade de futuramente existir uma indústria cinematográfica moçambicana, mas defende o envolvimento de todos, começando pelo consumo massivo de obras locais, bem como a valorização e o reconhecimento da sétima arte, deixando de apoiar as obras de outros países, assistindo de igual forma os filmes locais, comprando os DVD’s nacionais e aos cineastas a explorarem mais a riqueza moçambicana sobre a história local.
O cineasta afirma, por conseguinte, que os moçambicanos não têm empatia com as obras locais, pois os filmes nacionais são mais valorizadores na diáspora em dentrimento do seu próprio país.

Jamilo Arlindo
Jamilo Arlindo é jornalista cultural, com experiência cumulativa em áreas como locução de rádio, apresentador de TV, Spots publicitários, Copyrighting, Voz Off e Mestre de Cerimónia. É finalista do Curso de Gestão e Estudos Culturais, pelo Instituto Superior de Artes e Cultura (ISArC).