A Fundação Moz Youth é a entidade por detrás do programa de estágio que garantiu a alocação de 20 jovens recém-formados a Vodacom. O Memorando de Entendimento assinado esta quarta-feira (29) vai permitir que durante seis meses possam ajudar a ampliar a educação financeira nos distritos.

O trabalho realizado pela Moz Youth compreendeu o processo de selecção, preparação e acompanhamento dos jovens, que, para a felicidade da fundação, foram todos aprovados ao estágio, começando uma relação entre as duas entidades, que se espera duradoura e, quem sabe, passar de 20 a 100 estagiários.

Em entrevista exclusiva a Entre Aspas, Pedro Santos, director geral da Moz Youth, fala-nos sobre o trabalho da fundação e a sua narrativa no combate ao desemprego juvenil.

Quais foram os critérios de selecção dos estagiários a Vodacom?

Os critérios de selecção dependeram, em primeiro lugar, do que a Vodacom queria. O primeiro tem a ver com a componente académica, ou seja, a área de estudos. Portanto, eles tinham alguns critérios específicos. O nosso segundo critério foi a localização. Portanto, nós colocamos estagiários nas localidades onde eles precisam. Neste caso, o M-pesa precisava de alguns estagiários em Moma, Ile, e Cuamba. Então, conseguimos encontrar pessoas desses distritos com o ‘background’ académico que era pretendido. A selecção é um pouco extensa – começamos com testes cognitivos, comportamentais, entrevistas. Depois preparamos um relatório para a Vodacom e eles fizeram as entrevistas finais aos candidatos pré-seleccionados. Correu bem, gostaram de todos os que lhes apresentámos e, portanto, à primeira ficaram logo contratados.

E quais são as expectativas comportamentais e técnicas que esperam dos 20 estagiários?

Nós aqui colocámos 20, mas temos mais de 23 mil jovens inscritos no nosso programa à espera de uma oportunidade. O que dizemos a estes jovens é que têm que agarrar esta oportunidade com unhas e dentes, porque são 20 em 23 mil. Portanto, são muito privilegiados e queremos que dêem o seu máximo todos os dias para chegarem ao fim dos seis meses e que a Vodacom decida fazer um contrato a ‘full-time’ e já sem a Mozyouth. Porque, o nosso grande objectivo é que isto sirva de rampa de lançamento para uma carreira dos jovens. Em média, 50% dos nossos estagiários ficam nas empresas. No ano passado, colocámos 500 em todo o país, e desses tivemos a metade contratada. Portanto, as empresas gostam tanto deles que depois os contratam formalmente e aí já não tem nada a ver com o Moz Youth. O nosso trabalho fica feito e ficamos muito felizes que isso aconteça. Então, a grande expectativa é que, no final do estágio, a Vodacom queira ficar com os 20.

E qual é a possibilidade de isso acontecer?

Eu diria que é alta, porque, normalmente, quando abordamos as empresas, uma das questões para saber se esta vai trabalhar connosco ou não é se tem possibilidade de, no final do estágio, absorver as pessoas. Não é obrigatório, mas caso gostem dos estagiários tem essa possibilidade. E a Vodacom disse que sim, que tinha essa possibilidade, até para mais. Portanto, este trabalho é apenas piloto. Se correr bem, não só estes terão emprego, mas abrirão portas para mais jovens virem cá fazer estágio com possibilidades de ficar. A Vodacom continua a crescer e continua a precisar de jovens com garra e espero que seja isso que estes jovens demonstrem no dia-a-dia.

Além da Vodacom, a Moz Youth já fez integração de jovens em outras empresas? Quais foram os níveis de sucesso?

Só no ano passado, em 2024, trabalhámos com 140 empresas em todo o país, e tivemos mais de 500 estagiários. Temos muitas empresas. Empresas que o mercado, no geral, não conhece, as mais pequenas, mas há alguns nomes grandes: temos o FNB, que tem estagiários em todas as agências; trabalhamos também com a Save the Children, que também colocou alguns estagiários, quer em Maputo, na sede, quer também em alguns projectos pelo país; Tongaat Hulett, na fábrica de açúcar de Xinavane, também tem estagiários nossos e a Globeleq, que se calhar muitas pessoas não conhecem, a empresa que tem uma central solar em Mocuba. São muitas, mencionei algumas, mas, efectivamente, todos os dias procuramos novas empresas que queiram abraçar a causa.

Quais são os outros trabalhos que a Fundação Moz Youth desenvolve ou, apenas, cinge-se no programa de estágios?

Essencialmente, essa é a nossa actividade. Temos a ambição de crescer para outras áreas, mas ainda estamos em fase de cimentar este contributo. Achamos que o nosso trabalho é muito preciso hoje em dia para a juventude e queremos aumentar estes resultados. E é com parcerias como a de hoje que isso vai ser possível, porque isso, se calhar, também inspira as outras empresas. E parte do que aqui estamos a fazer hoje é isso, é dar a conhecer ao mercado que existe este programa. Trabalhamos todos os dias para que mais oportunidades possam ser dadas aos jovens.

E qual é o potencial de jovens nas áreas de tecnologia e inovação? Conseguem encontrar jovens com esta formação ou com essas habilidades? Como é que se comporta o sector profissional nesse sentido?

A experiência que temos é que até hoje sempre conseguimos encontrar os candidatos com os perfis que as empresas nos pedem. A Vodacom é um exemplo disso: pediram-nos coisas muito específicas para estes 20 e conseguimos encontrar todos. Já saem das universidades com o conhecimento todo preparado? Não, isso não é possível, nem em Moçambique, nem em lado nenhum. Mas o que estes estágios dão é a oportunidade também de aprender no terreno. Isso é que é muito importante para nós. Tem que se ter um mínimo de base teórico. É nas empresas que vão aprender como é que aquela teoria realmente se transforma em prática. Muitas coisas que se aprende na universidade depois não são aplicáveis, outras não se aprenderam e precisam de se aprender no trabalho, mas pelo menos há princípios, há conceitos de base. Para este tipo de programa de estágios, as empresas também não querem pessoas que já saibam, querem pessoas que têm a atitude certa, que tenham garra para aprender, que venham frescos. Nosso programa de estágios é para quem não tem experiência. Então, aqueles que ainda não têm podem se juntar ao programa do Moz Youth, porque nós procuramos empresas que queiram receber pessoas ainda sem experiência, mas com vontade de iniciar.

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Elcídio Bila

Elcídio Bila é jornalista há 10 anos, escrevendo sobre artes e outros assuntos transversais. Tem passagens por dois órgãos de comunicação e diversos projectos de Media. Trabalha também como copywriter e Oficial de Relações Públicas em agências de comunicação. É fundador e director editorial do projecto Entre Aspas.

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