As recentes manifestações em Maputo, que emergiram após as eleições de 9 de outubro, geraram impactos profundos em várias áreas da economia moçambicana. O sector do turismo, precisamente na Macaneta, conhecida por suas praias e pelo ecoturismo, foi um dos mais afectados devido ao clima de instabilidade que se seguiu aos protestos.
A região, popular entre turistas locais e internacionais, está a experimentar uma queda significativa no fluxo de visitantes, que receiam a segurança em deslocar-se para áreas próximas da capital.
Vários operadores turísticos da Macaneta relatam cancelamentos de reservas e uma redução na procura por pacotes turísticos. A crise afectou também o sector de transporte e de serviços, que dependem directamente do turismo para a geração de renda. Empresas que oferecem traslados entre Maputo e Macaneta relataram uma queda de até 40% no número de passageiros desde o início das manifestações.
“O turismo já enfrentava desafios devido à pandemia e à sazonalidade, e agora com as manifestações, a situação piorou”, afirma Joaquim Nhampossa, dono de um resort na Macaneta. Segundo ele, os visitantes, especialmente estrangeiros, evitam regiões próximas a Maputo por medo de se verem em meio a conflitos. Isso levou os empresários locais a buscar alternativas para atrair turistas, incluindo promoções e pacotes de fim de semana, porém, sem resultados expressivos.
A redução no número de turistas tem impacto directo nas economias locais, afectando desde grandes resorts até pequenos negócios de moradores que dependem das vendas a turistas. Além disso, a comunidade local, que via no turismo uma fonte de emprego e desenvolvimento económico, está a enfrentar um aumento nas dificuldades financeiras. “Antes, podíamos contar com turistas todo fim de semana, mas agora não temos a mesma segurança em relação às vendas”, lamenta Amélia Monjane, que gerencia um pequeno restaurante na praia.
As autoridades moçambicanas, conscientes do impacto negativo, têm procurado mediar o diálogo entre as partes envolvidas e garantir a segurança dos cidadãos e turistas. No entanto, sem uma resolução a curto prazo para as tensões sociais e políticas, a recuperação do sector turístico na Macaneta pode levar mais tempo do que o previsto.
Cacilda Zunguze
Chamo-me Cacilda Zunguze, tenho 23 anos de idade, e moro na cidade da Matola. Curso do 4.º ano de Licenciatura em Jornalismo na Escola de comunicação e Artes (ECA) da Universidade Eduardo Mondlane (UEM). Tenho admiração pela área da escrita e edição de vídeos e textos. No projecto Entre Aspas dedicou-me a editoria de Turismo & Meio Ambiente.