A artista moçambicana Maria Chale inaugura esta quarta-feira (12), às 18h00, a exposição de pintura intitulada “Agente da passiva”. A mostra terá lugar na Fundação Fernando Leite Couto (FFLC) acolhe,
Com a curadoria de Yolanda Couto, “Agente da passiva” reúne dois conjuntos de quadros, de linguagens diferentes. O primeiro são obras de pintura abstracta utilizando a aguarela sobre papel e sobre madeira, numa tentativa de traduzir o que se passa no seu interior, como se fosse um corpo, com as artérias, os músculos e os órgãos vitais expostos.
São obras “moldadas pelo imprevisível encontro entre água e pigmento, oferecendo uma leitura mais introspectiva e intuitiva da transformação. Uma reflexão sobre sentimentos de impotência, à luz de fenómenos correntes, sociais e políticos, onde a artista explora a sua própria passividade face à entropia da cor, onde o traço lhe pertence, mas o resultado está fora das suas mãos”, segundo Lumina Baptista.
Por outro lado, a exposição reúne um conjunto de retratos, em aguarela e acrílico sobre papel.
Os retratos, de acordo com Baptista, captam feições delicadas, em uma reflexão sobre o equilíbrio entre a permanência e a mudança. Com expressões expectantes, os agentes propõem uma meditação sobre a vulnerabilidade humana frente à fluidez das experiências, em uma ponte entre expectativa realidade.
‘Agente da passiva’ é, assim, um diálogo entre o actor e expectador, entre artista e obra, e entre o que pode ser feito e o que pode ser controlado.
Com pinceladas delicadas em retratos marcantes, Maria Chale é uma artista visual de Maputo, Moçambique. Desde tenra idade demonstrou um talento nato para as artes visuais e o artesanato. A sua visão criativa, aliada a um pensamento metódico, levou-a a licenciar-se em Arquitectura e Planeamento Físico pela Universidade Eduardo Mondlane. No entanto, foi fora da sala de aula que a sua criatividade floresceu verdadeiramente, quando, em 2013, começou a receber encomendas de retratos.
O percurso da sua evolução artística tornou-se evidente com a sua estreia em exposições em 2018, ao participar numa mostra colectiva na galeria 16Neto, seguindo-se a sua primeira exposição individual, ‘Motif’, no mesmo espaço, em 2019. A partir daí, consolidou a sua posição no mundo das artes visuais com múltiplas exposições subsequentes, destacando-se a sua participação na instalação temporária ‘Vocal Streets: Poéticas do Quotidiano’, em 2022. Esta experiência multimédia imersiva permitiu-lhe conjugar a sua perspetiva artística com o conhecimento arquitetónico, através da cenografia.
Especializada em grafite e aguarela, com cores vibrantes e delicados toques de folha de ouro, a sua obra reflecte a natureza multidisciplinar da artista. As suas peças retratam e reinterpretam realidades espaciais, históricas e sociais, apropriando-se de narrativas e conferindo-lhes uma nova perspetiva.
Para além das suas criações cativantes, Maria Chale partilha a sua paixão através da dinamização de workshops de aguarela, onde o seu percurso, experiência e entusiasmo servem de inspiração para aqueles que desejam explorar novas formas de expressão.