Foram dois meses no intercâmbio cultural com o Teatro da Ponte, intensos mas produtivos, este é balnço que o grupo teatral M'bêu faz após uma digressão no Brasil, marcada por ensaios e apresentação do "Sujo(S)", um texto original do dramaturgo brasileiro Milton Morales Filho e a apresentação do “Monólogo da prostituta do Manicómio”, sob a direcção de Isabel Jorge.
Unindo arte e educação, intercâmbio entre o Teatro de Ponte (Brasil/ Alemanha) e o Grupo M'bêu (Moçambique), também conhecido como Associação de Cultura, Arte e Teatro (MACART), desempenhou diversas actividades pedagógicas e de formação de plateia junto a instituições de ensino de São Paulo nos últimos dois meses, uma verdadeira imersão na cultura de Moçambique através do teatro.
Além da peça teatral “Nkaringana wa nkaringana”, onde a platéia pôde conhecer mais sobre a cultura do sul de Moçambique, o grupo M’bêu realizou workshops com estudantes sobre a peça “Sujo(S)”.
Trata-se de uma trama que se passa em uma cela no Brasil colônia, onde estão presos um inglês traficante de pau-brasil e um brasileiro, líder de um movimento contra a estrutura colonial escravocrata.
No evento, após um bate papo com o elenco sobre os factos históricos do Brasil que deram origem a obra – “A Revolta dos Búzios”, o diário de viagem do inglês Thomas Lindley e o Manuscrito de 512, os estudantes criaram e apresentaram suas prórias cenas e, em seguida, puderam assistir a uma mostra da peça.
Foram trocas profundas de experiência com esse público a cerca do colonialismo e escravidão, com reflexões importantes sobre como a história impacta nosso presente e sobre a contrução de novos futuros.
“Lembrar o passado para entender, essa descrição em curtas palavras do passado de elaboração de uma cultura de memória. A forma como factos são revelados ou ocultados, quais histórias são contadas e quem as conta pode dificultar ou contribuir para o processo de criação de uma memória colectiva sobre determinado acontecimento”, assim se descreve a peça “Sujo(S)”, pelo grupo.
M'bêu ou Associação de Cultura, Arte e Teatro (MACART), nasceu em 1989 na cidade de Maputo, da vontade de certos adolescentes de se afirmarem como equipa de formação do grupo profissional de teatro Mutumbela Gogo.
O colectivo soma mais de 23 peças de teatro produzidas e conta com mais de 15 participações em festivais internacionais e em várias oficinas de arte. As suas peças para todo público, tentando sempre dar realce aos costumes e valores tradicionais, também satiriza alguns fenómenos da vida.
Por outro lado, o Teatro Ponte é um colectivo fundado em 2019 em São Paulo pelo actor e historiador alemão Bastian Thurner e pela bailarina brasileira Lettícia Forattini, com objectivo de criar conexões entre diferentes linguagens artisticas e diferentes culturas.
Desde então, unindo-se a outros parceiros e colaboradores, produziu peças de teatro, perfomances no formato presencial e virtual, além de diversos projectos pedagógicos em arte bilingue e intercâmbios culturais.

Lurdes Domingos
Chamo-me Lurdes Francisco Domingos, tenho 22 anos de idade, e moro na cidade da Matola. Curso o 4º. ano de Licenciatura em Jornalismo na Escola de comunicação e Artes (ECA) da Universidade Eduardo Mondlane (UEM). Tenho admiração pela área televisiva e escrita e em estágio na Entre Aspas concentro-me em Lifestyle & Bem-estar.