“Em tempo de guerra, mentira é como terra”. Este ditado popular reforça a ideia de que, em momentos de caos e conflitos, a mentira prolífera-se com a mesma facilidade que a terra e se espalha ao vento.

Entretanto, algumas pessoas vivem em guerras constantes, onde as mentiras deixam de ser um recurso ocasional e passam a ser um comportamento compulsivo, a que se dá o nome de Mitomania.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a mitomania é um transtorno no qual o indivíduo sente uma necessidade incontrolável de mentir, mesmo em situações onde a verdade poderia ser mais simlpes. Ao contrário das mentiras contadas por acaso, os mitomanos constroem versões de suas vidas ou situações, e, com o tempo, parecem até reais para eles mesmos.

Causas e consequências da Mitomania

Estudos indicam que na maioria dos casos, as mentiras contadas pelos mitomanos têm o objectivo de manipular ou prejudicar. Mas também, essas mentiras podem ser contadas para preencher lacunas emocionais, fugir da realidade, baixa auto-estima ou buscar uma aceitação social.

Questões como transtorno de personalidade anti-social ou narcisista podem impulsionar este comportamento, avança o psicólogo Carlitos Mugodoma. “Em outros casos, a mitomania também pode estar relacionada a desequilíbrios psicológicos, como a ansiedade ou depressão, onde a mentira serve de escape de uma realidade angustiante”, assegura

De acordo com o psicólogo, as consequências desse comportamento podem ser desvastadoras para quem mente, mas também para aqueles que estão ao redor. No contexto pessoal, prolonga-se o especialista em entrevista exclusiva a Entre Aspas, isso pode gerar distanciamento emocional, sentimentos de traição e isolamento social, à medida que as pessoas próximas começam a perceber as inconsistências nas histórias contadas, e, no âmbito profissional, a credibilidade do indivíduo pode ser seriamente prejudicada, afectando a sua reputação e o desempenho profissional.

Como identificar um mentiroso compulsivo?

Ao contrário da mentira comum, que geralmente é contada para evitar problemas, o mitomano mente de maneira impulsiva, criando histórias complexas que, muitas vezes, tornam-se parte de sua realidade. Diante disto, Mugodoma explica que a diferença reside na motivação, ou seja, a razão que leva a pessoa a contar aquela mentira, enquanto a mentira comum é pontual.

Será que existe tratamento para este transtorno?

O tratamento pode envolver a psicoterapia e, em alguns casos, pode haver a necessidade de medicação para fazer o tratamento. Neste processo, amigos e familiares devem dar apoio, evitando confrontar directamente o indivíduo sobre suas mentiras, o que poderia aumentar o comportamento defensivo.

Em vez disso, conclui Mugodoma, é importante incentiva-lo a buscar a ajuda psicológica, mas também é crucial que as pessoas ao redor não tolerem nem reforcem as mentiras, estabelecendo limites claros e saudáveis para o relacionamento.