Desde 23 de Janeiro, a Incubadora de Talentos da MultiChoice acolhe 60 alunos, formando a turma de 2023, nas academias da Zâmbia, Quénia e Nigéria.
É a quarta vez que o programa de formação movimenta 13 países africanos, incluindo Moçambique, país que este ano é representado por Genilson Matuca e Dulany Sedemo. Em Lusaka, Zâmbia, dois jovens desenvolvem várias habilidades nas áreas de televisão e cinema.
Matuca e Sedemo (já) somam oito meses na capital zambiana, numa formação de um ano que inclui aspectos teóricos e práticos de produção de filmes – que vai desde à redacção do roteiro até à filmagem, edição e pós-produção de áudio.
De acordo com os dois jovens, a formação anda de ‘vento em pompa’, tendo em conta que os facilitadores são ‘gurus’ da indústria do cinema e audiovisual do continente e dos EUA e, acrescentam, isto tem feito com que a formação seja mais prática e “baseada em experiências de filmes e séries que nós já vínhamos acompanhando.”
“Desde o início que temos estado envolvidos em actividades variadas da área, como é o caso de literacia visual, gestão de projectos audiovisuais, guionismo, ‘pitching’, cinematografia e ‘lighting design’”, e, para além disso, “tivemos oportunidade de fazer parte das duas maiores produções do mercado zambiano e ter uma formação adicional com a New York Film Academy por dois meses”, partilha Matuca, visivelmente emocionado.
São várias as lições que os futuros cineastas moçambicanos têm registado diariamente. A frisar, como descreve Dulany Sedemo: “todos os passos da produção de filmes e séries, desde a criação do conceito até à distribuição.
“Trabalhar em equipa, em um grupo de criativos, é das principais lições adquiridas, pois, anteriormente, nos meus projectos, sempre trabalhava sozinho. E ter a oportunidade de formar parcerias com outros criadores, aceitar outras ideias, é enriquecedor”, revela, acrescentando que teve a oportunidade de aprender a criar ‘scripts’ de uma forma profissional.
Já Genilson Matuca refere que perceber e interpretar um produto visual ou audiovisual foi a primeira lição e das mais importantes, para além de gerir o processo de produção e equipas. “Aprendemos a escrever estórias que sejam fiéis ao contexto africano e desenvolvimento de guiões tanto para filmes, telenovelas, publicidade ou vídeo-clipes”, partilha.
Mais do que formação, Matuca sente-se num verdadeiro estágio, onde o envolvimento em grandes produções e a oportunidade de estar rodeado de colegas que trazem diferentes perspectivas, e ter apoio e guia de experts da indústria, acrescenta valor. Sedemo, por sua vez, descreve esta formação como fundamental por lhe ter ajudado a melhorar muitas técnicas e pela oportunidade de criar histórias autênticas de África.
Esta passagem pela Zâmbia vai permitir aos profissionais trabalharem em dois filmes, sendo que o primeiro já foi produzido e, neste momento, estão na fase de pré-produção do segundo, cujo as filmagens iniciam em Outubro.
Mas a ideia não para por aí. À saída da MTF (Fábrica de Talentos da MultiChoice), muitos sonhos serão realizados. Matuca, por exemplo, gostava de criar uma produtora que se desse vida as ideias hibernadas há anos e que a mesma fosse um ‘braço’ da MultiChoice em termos de distribuição dos conteúdos.
“Gostaria, também, de criar um projecto que forneça um espaço físico (estúdio/locação) e equipamento a gente que tenha algo escrito (guião) e que não tenha meios para produzir”, pois, assim, “seria uma das formas de aumentar o número de produções nacionais”, projecta.
Sedemo também espera ter oportunidades de trabalhar na indústria de cinema e audiovisual em Moçambique ou noutro canto de África, “para que possamos desenvolver o cinema em África, no geral, principalmente poder contribuir para que pessoas conheçam as histórias moçambicanas.”
No que diz respeito a projectos, revela o futuro cineasta: “tenho uma série que estou a desenvolver e a minha expectativa é que possa ter a oportunidade de produzi-la principalmente para o canal Maningue Magic, para além da criação de um canal no YouTube para a produção de filmes de curta-metragem.”
Os dois estudantes são unânimes em admitir, no entanto, que não há melhor forma de aperfeiçoar as suas habilidades tirando a participação na MTF, por isso encorajam aos futuros participantes moçambicanos a se inscreverem na turma de 2024, acreditando que irão encontrar todas as ferramentas para a sua especialização, para além de ser um espaço de colaboração e entretenimento.