Jovita Fazenda: “Toda a cadeia de valor morre quando um conteúdo é pirateado”

Jovita Fazenda, directora para Assuntos de Regulatório da MultiChoice Moçambique, entende que a pirataria nas indústrias culturais e criativas, um mal que soma inúmeras perdas, assola toda a cadeia de valor de uma dada produção, pelo que é preocupante.

Em entrevista exclusiva a Entre Aspas, à margem do Workshop “Parcerias no Combate à Pirataria”, realizado em Maputo, Jovita partilhou algumas acções que a MultiChoice realiza para combater à pirataria e elencou parte dos danos deste mal, além de identificar algumas ideias que podem contribuir para reduzir esta prática, tendo destacado a educação do consumidor como uma das principais forças de acção.

Que acções específicas toma a MultiChoice Moçambique para que os criadores de conteúdos ‘escapem’ à pirataria?

Nós, enquanto MultiChoice, fazemos parte de um grupo, naquilo que identificamos como pirataria na nossa área, temos uma unidade, uma equipa ou uma empresa que trabalha exactamente com a pirataria. Sua função é basicamente identificar o conteúdo que está sendo pirateado e cortar os links que roubam esse conteúdo. É um trabalho árduo e contínuo, porque todos os dias inventam links e vários deles são criados todos os dias. Internamente, é o que fazemos e tem funcionado, e é nesse sentido que estamos a trazer mais pessoas e actores para esta conversa, porque é necessário encontrar soluções que sejam acessíveis a todos.

E essas ligações, onde são geradas, dentro ou fora do país?

Sobre a origem dos links que fornecem acesso não autorizado ao conteúdo, gostaria de apresentar uma panorâmica mais clara. Estes links ilegais, que facilitam o acesso a conteúdos pirateados, são predominantemente gerados fora do país. Apesar de não serem carregados de dentro da África ou de Moçambique especificamente, eles têm uma origem global proveniente da Europa, Ásia e Américas. O amplo alcance da internet permite que esses links sejam comercializados e vendidos mesmo aqui, ao lado de dispositivos e credenciais de login que permitem a visualização ilegal de conteúdo.

O nosso departamento dedicado à luta contra à pirataria na MultiChoice está vigilante na identificação e rastreio destas actividades. Trata-se de uma equipa que desenvolveu métodos sofisticados para detetar e bloquear contas associadas à distribuição de conteúdo MultiChoice em domínios, dispositivos ou sites piratas, o que garante que nosso conteúdo permaneça protegido e inacessível por meio desses canais ilegais.

Quero também salientar que o nosso empenho na luta contra a pirataria é inabalável. É uma batalha contínua, mas estamos equipados e prontos para enfrentá-la de frente, independentemente dos desafios geográficos. As nossas acções de aplicação da lei têm sido bem-sucedidas em vários países africanos e a nível mundial, graças à cooperação com outros operadores de televisão por assinatura, detentores de direitos e agências internacionais de aplicação da lei.

Os consumidores podem notar estas ofertas ilegais e reconhecer que os preços não se alinham com o custo legítimo do acesso legal a esses conteúdos. A existência de tais tácticas de venda indica os variados métodos empregados na pirataria de conteúdo.

Que perdas tangíveis a MultiChoice soma com a pirataria?

Para a Multichoice, perdemos assinantes porque eles compram esses pacotes mais baratos, mas, mais do que isso, é toda a nossa linha de produção que sofre. Podemos procurar outros conteúdos que ainda não foram pirateados, mas pensamos em toda a linha de produção: são os actores e todos os envolvidos que perdem quando o conteúdo é pirateado. A produção de uma novela, por exemplo, envolve estilistas, cenaristas, e eles não recebem o que deveriam por causa desse mal. Assim, olhando para o que a MultiChoice perde, para não falar de toda esta linha de produção, perde muito valor. É preciso pensar que toda essa cadeia de valor, na verdade, morre quando o conteúdo é pirateado.

Em relação ao canal Maning Magic, há conteúdo que é veiculado sem a devida autorização?

Já tivemos alguns eventos de alguns programas que foram feitos por um criador de conteúdos na internet, fora de Maputo, imitando um dos programas que eram do Maning Magic, mas não posso dar números exactos. Existem um e outro episódio, mas acredito que se não lutarmos isso vai acontecer. Por exemplo, a telenovela Maida é uma produção nacional, criada em Moçambique, e que está agora em canais internacionais; É um conteúdo que é comprado por esses canais. Se a novela é pirateada, por exemplo, todos esses actores deixam de ganhar nessa cadeia de um produto tão bom, que foi criado nacionalmente e que está sendo consumido internacionalmente e, igualmente, está tendo boas críticas. Portanto, há sempre o risco de isso acontecer se não começarmos a procurar soluções.

Quais são as principais acções para prevenir a pirataria?

Através de acções como estas: criar consciência, começar a falar sobre isso, educar as pessoas, educar a sociedade. Ter soluções proactivas para bloquear tentativas de hacking. Mais do que isso, é a educação. Para além da existência de um enquadramento legal para que quando isso aconteça existam formas de resolver e punir as pessoas que o fazem, é importante educar o consumidor para que compreenda o efeito da pirataria, não só na nossa área, mas também em áreas que até colocam em risco a saúde das pessoas.

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Elcídio Bila

Elcídio Bila é jornalista há 10 anos, escrevendo sobre artes e outros assuntos transversais. Tem passagens por dois órgãos de comunicação e diversos projectos de Media. Trabalha também como copywriter e Oficial de Relações Públicas em agências de comunicação. É fundador e director editorial da Entre Aspas.

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