O sector musical moçambicano ganhou no último mês de Fevereiro novo fôlego com o programa de incubação artística, uma formação intensiva voltada para bandas emergentes no país que encerrou na última sexta-feira (7) num evento que contou com os grupos participantes, formadores, parceiros, entre outros.
Trata-se de uma iniciativa promovida pela X-Academy que ofereceu capacitação, mentoria e oportunidade de partilha de informações e conhecimentos entre os grupos musicais participantes e outros profissionais da área convidados à formação.
Com duração de um mês, o programa reuniu músicos de diversas regiões do país, incluindo Inhambane, Nampula e Niassa. Esta formação aprimorou habilidades técnicas das bandas, mas também abordou temas como gestão de carreira, direitos autorais, produção musical e marketing digital.
Uma das grandes apostas do programa foi a valorização da identidade musical, incentivando os artistas a explorar e modernizar os ritmos tradicionais. Bandas como a Groove Land, de Inhambane, e os Kassimbos, de Niassa, estão entre os participantes e vêem a experiência como uma oportunidade para expandir os seus horizontes artisticos e alcançar novos públicos.
Além das formações, o programa promoveu a apresentação ao vivo e sessões de gravação, permitindo que os artistas experimentassem o processo profissional de produção musical. A iniciativa insere-se no esforço mais amplo para impulsonar a economia criativa, proporcionando aos artistas ferramentas para tornar suas carreiras sustentáveis.
De acordo com Jonas Eusébio, representante da banda Groove Land, este tipo de incubação artística é essencial para fortalecer e solidificar a música local e permitir que os músicos entendam melhor o mercado, destacando que uma falta de estrutura e conhecimentos técnico muitas vezes impede que talentos moçambicanos alcancem reconhecimento além das suas comunidades.
A falta de espaços para ensaios, a dificuldade de acesso a estúdios de gravação de qualidade e a limitação na distribuição digital são alguns dos obstáculos que impedem que talentos locais alcancem grandes audiências.
“A timbila é um dos sons mais autênticos de Moçambique e temos o prazer de querer mostrar isso tudo para o mundo. Aqui, aprendemos como modernizar nossa música sem perder a essência. Com esta incubação, vimos que há muitas coisas que achávamos impossíveis de fazer como banda, afinal de contas estas são possíveis. É necessário olhar em certo momento a música com paixão mas também numa vertente de negócio e esta incubação despertou-nos isso”, afirmou o vocalista da ‘Timbila groove’.
A desvalorização da música como profissão é um problema no país. Muitos artistas precisam dividir seu tempo entre trabalhos paralelos para garantir sua subsistência. Este programa de incubação artística surge como uma resposta a essa realidade, buscando que artistas possam viver da sua arte de forma sustentavel.
O programa não termina com o fim das formações. As bandas continuarão a receber acompanhamento e terão oportunidades para se apresentar em eventos e festivais nacionais e internacionais.
Com o sucesso desta edição, os organizadores garantem que há grandes expectativas para que o programa seja ampliado nos próximos anos, beneficiando ainda mais artistas e consolidando o país como um pólo criativo na música africana.
O dia do encerramento da incubadora artística
Na sexta-feira (7), X-Hub acolheu o último momento do programa de incubação artística. Trata-se de um evento que teve a participação de nomes sonantes na praça, como a cantora Xixel Langa, o produtor e compositor Ell Puto, para além dos representantes das instituições parceiras, nomeadamente, Clemence Bessiere, conselheira de cooperação e de acção cultural da Embaixada da Franca; José Maria Queirós, adido cultural da Embaixada da França e director do Centro Cultural Franco-Moçambicano e a directora executiva da X-Hub, Júlia Novela.
O evento que teve início às 14h00 foi marcado por uma atmosfera descontraída, de conforto e envolvente e com um público ávido em ver e aplaudir as actuações das bandas Marrove, Groove Land e Marimbas (Nampula), Os Kassimbos (Niassa) e a Timbila Groove (Inhambane).
Foi um pretexto para mostrar a diversidade musical e cultural do país, com uma mistura de ritmos tradicionais e modernos, com um estilo único de fusão de jazz, timbila e musica electrónica, encantaram a plateia e mostram a versatilidade da cena músical local.
O evento foi um verdadeiro reflexo da criatividade e da diversidade que caracteriza a cena musical do país. A combinação de música ao vivo e discursos de ocasião permitiram uma exposição completa do programa que acontece pela primeira vez, mas que promete continuar.