A nanotecnologia tem ganhado destaque no campo da medicina, especialmente no tratamento de doenças raras e complexas. Um exemplo promissor disso é a aplicação dessa tecnologia na doença de Fabry, uma condição genética rara que afecta diversos órgãos do corpo. A doença é causada pela deficiência de uma enzima chamada alfa-galactosidase A (GLA), sem essa enzima, o corpo não consegue quebrar adequadamente certos tipos de lipídios, o que leva ao acúmulo de substâncias lipídicas nas células, provocando danos nos vasos sanguíneos, nos rins, no coração e no sistema nervoso. Os sintomas podem variar de dor crônica, problemas de pele, complicações cardíacas até um risco significativo de insuficiência renal e cerebral.

Uma equipe de pesquisa internacional desenvolveu uma inovadora terapia baseada em nanotecnologia, chamada NanoGLA, para o tratamento da doença de Fabry, alcançando resultados promissores com ‘’eficácia assinalável’’ em estudos pré-clínicos. A terapia NanoGLA permite que a enzima deficiente em GLA, encapsulada em nanolipossomas, atinja eficazmente os órgãos mais afectados pela doença de Fabry.

O estudo, publicado recentemente na Science Advances, foi liderado pela pesquisadora Nora Ventosa, do grupo Nanomol-Bio do Instituto de Ciência dos Materiais de Barcelona (ICMAB-CSIC), em colaboração com o Consórcio de Centros de Rede de Investigação Biomédica para Bioengenharia, Biomateriais e Nanomedicina (CIBER-BBN). Além de Ventosa, a pesquisa contou com a colaboração de pesquisadores de instituições de prestígio, como o Vall d'Hebron Research Institute (VHIR) e empresas de diferentes partes do mundo, incluindo Áustria, Israel, China, Dinamarca e Reino Unido. Este esforço conjunto tem como objectivo oferecer uma solução terapêutica inovadora para uma doença que, até agora, não tem opções de tratamento completamente eficazes.

Actualmente, os tratamentos disponíveis para a doença de Fabry são limitados, e a maioria se concentra na reposição da enzima deficiente por meio de infusões intravenosas. No entanto, essas terapias não são totalmente eficazes, especialmente em relação ao tratamento de órgãos como o cérebro, onde os danos causados pela doença são muitas vezes irreversíveis.

A principal inovação da NanoGLA reside na utilização de nanolipossomas partículas de tamanho nanométrico formadas por uma bicamada lipídica. Essas partículas têm a capacidade de encapsular a enzima GLA de forma eficiente, permitindo que ela seja transportada de maneira mais eficaz até as células afectadas pela doença. O tamanho e a composição dos nanolipossomas permitem que a enzima seja entregue diretamente nos órgãos mais afectados, superando as limitações das terapias convencionais.

Nos estudos pré-clínicos, realizados em modelos de ratos com doença de Fabry, a NanoGLA demonstrou uma eficácia superior às terapias tradicionais. Em particular, o tratamento se destacou por alcançar não só os órgãos periféricos, como rins e coração, mas também por tratar o cérebro, área onde os tratamentos atuais falham em ter um impacto substancial.

A terapia NanoGLA não só representa um avanço importante no tratamento da doença de Fabry, mas também abre portas para novas abordagens terapêuticas para outras doenças raras e genéticas. O uso de nanotecnologia no tratamento de doenças complexas, como doenças neurodegenerativas e outras condições raras, pode transformar a medicina moderna, oferecendo soluções mais precisas e eficazes.

A tecnologia por trás da NanoGLA também pode ser adaptada para outros tipos de tratamentos, onde a entrega controlada e direcionada de enzimas ou medicamentos é crucial. Isso pode incluir tratamentos para outras condições genéticas ou mesmo doenças como o cancro, onde a precisão na entrega de medicamentos é um fator determinante para a eficácia do tratamento.

Apesar dos resultados promissores, os pesquisadores ainda enfrentam desafios significativos, como a transição da terapia para as fases clínicas.O que envolve garantir a segurança e a eficácia do tratamento em humanos, além de enfrentar questões regulatórias e financeiras para tornar a terapia acessível a um número maior de pacientes.

O próximo passo é realizar ensaios clínicos para avaliar a eficácia da NanoGLA em um maior número de pacientes com doença de Fabry. Se os resultados continuarem positivos, a NanoGLA poderá tornar-se uma terapia de primeira linha, transformando a vida de muitos pacientes e oferecendo uma solução para as manifestações neurológicas e sistêmicas da doença, que os tratamentos tradicionais não conseguem alcançar.

A NanoGLA representa um marco importante na medicina de precisão e no tratamento de doenças raras. A combinação de nanotecnologia e biotecnologia tem o potencial de mudar o panorama do tratamento da doença de Fabry, oferecendo uma alternativa mais eficaz e segura para os pacientes. Se bem-sucedida, essa inovação poderá não só melhorar significativamente a qualidade de vida dos pacientes, mas também abrir novas fronteiras para o tratamento de outras condições genéticas e doenças complexas, trazendo novas perspectivas de cura e controle para condições que antes pareciam incuráveis.

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Milca Nhabanga

Sou Milca Nhabanga, 26 anos, residente em Intaka, estou a concluir o 4º. ano de Licenciatura em Jornalismo pela Universidade Eduardo Mondlane (UEM). Apaixonada pela comunicação, actuo na área de redacção e audiovisual, com foco em narrativas dinâmicas e envolventes que capturam o impacto da informação

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