O cantor e percussionista moçambicano cria releitura de canção do brasileiro Mestre Boa Voz com a mbira, instrumento milenar do sul da África. A música sai ao mesmo tempo com o videoclipe produzido pela artista baiana Nara Couto.
Esta música é mais um trabalho que evoca a ancestralidade bantu da cultura afro-brasileira. Em ‘É tanto que eu peço a Deus’, o artista cria uma releitura da clássica canção com uma nova roupagem.
“A música que é recontada pelo artista em forma de prece é um pretexto de agradecimento às boas acções que Deus tem operado em minha vida e um convite para que reconheçamos o quão grandioso Ele é”, conta o artista.
O single abre o lançamento do álbum ‘Músicas de Mbira e Outros Cantos Bantu’, uma proposta discográfica que reúne contos bantu das regiões que compõem hoje os países de Moçambique, Angola, Zimbabwe, África do Sul e Zâmbia, tendo como fio condutor a mbira. O trabalho perpassa por um repertório tradicional desses países, além de releitura de composições de artistas afro-brasileiros e do cancioneiro popular.
Ambientado em Salvador, capital da Bahia, cidade maioritariamente negra e de forte influência Bantu no Brasil, o videoclipe passa por espaços primordiais para a cultura e a religiosidade negra.
De branco, em ode à Oxalá, e descalço, em conexão com o território, Otis caminha e simboliza a trajectória de seus ancestrais. Seus passos seguem pela Feira de São Joaquim, maior feira de comércio popular da cidade, e se encerram com a benção no Terreiro do Bogum Zoogodô Bogum Malê Rundó, com participação da Iyalorisà Naadoji, uma das casas de candomblé mais conhecidas de Salvador.
Trata-se de um trabalho audiovisual produzido por Nara Couto, cantora, compositora, produtora e dançarina soteropolitana. A direcção de fotografia é assinada por Edgar Azevedo.
Indicado como uma das 100 personalidades mais influentes da Lusofonia pela BANTUMEN em 2024, Otis Selimane Remane é percussionista, baterista, cantor, compositor e educador moçambicano. Iniciou-se na música aos 7 anos de idade e aos 10 começou a tocar bateria. Aos 14 anos de idade começou a apresentar-se em shows como músico profissional, tendo tocado em diversos locais em Maputo e Festivais dentro e fora de Moçambique, acompanhando vários artistas moçambicanos e internacionais.
Desde 2015 no Brasil, desenvolve diversos projectos artísticos e educacionais ligados à cultura africana e afro-brasileira, com destaque para Músicas de Mbira (show e projecto com a Mbira), The Otis Project com o lançamento do disco ‘Tumbuluku’ apresentado no Sesc Jazz 2021 e o seu mais recente show: ‘Renascimento’.
No ano de 2018 Otis foi vencedor dos ‘Novos Talentos do Jazz’ com o The Otis Project, um prémio que lhe deu destaque e permitiu passar por grandes festivais de jazz do país: TUM Sound Festival, Sampa Jazz Festival, Savassi Jazz Festival. Já realizou duas tournées pela Europa onde passou pela Suécia, França, Portugal, Alemanha e Noruega tocando em festivais importantes como o Festival de Sines em Portugal e o Oslo Afro Arts Festival, na Noruega.
Com o projeto Músicas de Mbira lançou em 2024 uma série audiovisual convidando vários artistas brasileiros e africanos para colaborarem na produção de episódios que visavam mesclar a música brasileira com instrumentos tradicionais moçambicanos.
Além dos trabalhos autorais, colabora com outros artistas no Brasil, como Tássia Reis, Tiganá Santana, Nara Couto, Marissol Mwaba, François Muleka, Dandara Manoela, Curumin, Hodari, Iara Rennó, Sued Nunes, Anelis Assumpção, Luedji Luna, etc.