Os programas locais que reflectem as esperanças, os sonhos e a cultura de África só sobreviverão se os africanos se juntarem à luta contra a pirataria. Necessitamos de nos tornar activistas, heróis do quotidiano denunciando a pirataria e protegendo o sector criativo do nosso continente.
O telespectador africano quer se rever no conteúdo que consome. Quer que as suas plataformas de entretenimento ofereçam programas que espelhem o seu estilo, os seus gostos, a sua cultura. Mas isto só é possível se ajudar a combater à pirataria de conteúdo e a garantir que o conteúdo local se mantém vivo.
A pirataria de conteúdo significa que o conteúdo é partilhado sem que os criadores sejam pagos pelo seu trabalho. Tal prejudica toda a indústria e leva à produção de menos conteúdo. Isto é especialmente verdade quando se trata do conteúdo local. Se os utilizadores locais assistirem à versões pirateadas da obra feita pelos seus compatriotas africanos, essa obra não existirá durante muito tempo.
Se pretendemos que o conteúdo africano sobreviva, necessitamos de proteger, combatendo à pirataria. A luta contra a pirataria envolve todos nós. Precisamos de nos ver como guerreiros do conteúdo, lutando contra a pirataria onde quer que a vejamos; campeões da indústria criativa.
Mas como o fazemos?
Em primeiro lugar, temos de utilizar plataformas de conteúdos legítimas para aceder ao entretenimento – seja através de TV por satélite, serviços de streaming por aplicaçõtivos, IPTV ou televisão por descodificador – certifique-se de que segue os trâmites legais.
Regra geral, se não estiver a pagar por uma subscrição, a plataforma não é legal. Mas alguns sites ilícitos podem até solicitar que se registe e cobrar um micropagamento irrisório para aceder a um conjunto de conteúdos que parecem demasiado bons para serem verdade. Esse conteúdo é pirateado.
Outras formas de identificar conteúdo pirata são marcas de água visíveis nas imagens, pop-ups repetidos ou anúncios irritantes ou versões de baixa qualidade do que deveria ser conteúdo de alta qualidade. Se não tiver a certeza, mas suspeitar que se deparou com uma plataforma de conteúdo pirata, pode denunciar e pedir aos profissionais que investiguem.
Impactos financeiros
Estima-se que a pirataria de vídeo digital cause 67 mil milhões de dólares em perda de receitas para produtores de conteúdos, plataformas e empresas todos os anos. Nos EUA, estima-se que tenham sido perdidos 28,3 mil milhões de dólares, em transmissões desportivas em directo; da mesma forma, perdem-se 29 mil milhões de dólares no cinema e na televisão.
Em África, onde as margens são apertadas, os produtores de vídeo locais simplesmente não se podem dar ao luxo de perder receitas. A pirataria de conteúdos está a destruir a indústria. Para salvar o vibrante, mas frágil, sector criativo de África, veja-se como um protector da comunidade, atento à pirataria e denunciando onde quer que encontre.
Como activistas de conteúdos, necessitamos de ser pró-activos, envolvendo-nos na protecção das plataformas e canais que permitem o florescimento do talento africano. Se não o fizermos, eles murcharão e morrerão. Pode parecer apelativo apoiar uma plataforma de conteúdo gratuita, mas o que fizeram estas plataformas para o crescimento da indústria?
Infelizmente, as plataformas de pirataria são como parasitas do sector criativo, obtendo rendimentos com publicidade ou com a venda de senhas, descodificadores ou subscrições falsas ilícitas, sem fazer nada para apoiar e desenvolver o sector. São as plataformas legítimas que geram emprego, fortalecem as empresas locais e estabelecem academias de formação para nutrir a próxima geração de cineastas.
Estes são os cineastas que garantem que se pode ver espelhado no ecrã, criando o tipo de entretenimento que reflecte o espírito e a atitude da África moderna. Vamos trabalhar para proteger os nossos colegas criadores africanos, para que o seu trabalho possa continuar a evoluir, a entreter-nos e a inspirar-nos.