A Organização das Nações Unidas (ONU) anunciou que 2024 está prestes a se tornar o ano mais quente da história, com temperaturas globais que superam as médias históricas e os recordes anteriores. Este marco alarmante é um reflexo directo do aquecimento global, intensificado pela ocorrência do fenómeno climático El Niño, além da continuidade das emissões de gases de efeito estufa provenientes de actividades humanas.
De acordo com a ONU, o impacto deste aumento de temperatura já é visível em diversas partes do mundo. As ondas de calor tornam-se mais frequentes e intensas, afectando não apenas a saúde humana, mas também a agricultura, a segurança alimentar e a biodiversidade. Regiões como o Mediterrâneo, o Oriente Médio e a África Subsaariana estão enfrentando desafios extremos, com temperaturas recordes e uma acentuada escassez de recursos hídricos, o que agrava as condições de vida dessas populações.
O Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus, da União Europeia, também emitiu um alerta, concluindo que a temperatura média anual de 2024 deverá ser 1,5 grau Celsius mais alta em comparação com os níveis pré-industriais.
Carlo Buontempo, director do Copernicus, afirmou que “é essa natureza implacável do aquecimento que considero preocupante”, destacando a rapidez com que as mudanças climáticas estão se intensificando.
Apesar disso, um relatório da Organização Meteorológica Mundial (OMM) ressalva que a ultrapassagem temporária do limite de 1,5°C, estabelecido no Acordo de Paris, não significa que a meta global de redução das emissões de carbono esteja fora de alcance. A OMM acredita que, no longo prazo, o aumento da temperatura global estará mais próximo de 1,3°C, um valor que ainda permanece dentro das metas do Acordo. “As anomalias de temperatura global, observadas em escalas diárias, mensais e anuais, são influenciadas por fenômenos naturais como El Niño e La Niña”, explicou Celeste Saulo, secretária-geral da OMM. “Esses eventos não devem ser confundidos com a meta de longo prazo do Acordo de Paris.”
No entanto, a situação continua preocupante. O aumento do nível do mar segue uma tendência alarmante, ameaçando regiões costeiras e pequenas ilhas, onde milhares de pessoas estão em risco de deslocamento forçado. Além disso, eventos climáticos extremos, como furacões mais poderosos, secas prolongadas e chuvas torrenciais, têm se tornado cada vez mais frequentes e severos, colocando em risco tanto a infraestrutura quanto a segurança das populações.
Com a crescente pressão sobre os ecossistemas e as sociedades humanas, o papel das políticas públicas se torna crucial. Organizações internacionais, governos e a sociedade civil precisam se unir para implementar ações urgentes e concretas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e mitigar os efeitos das mudanças climáticas. As soluções incluem o fortalecimento da transição energética, a preservação de florestas e oceanos, o investimento em infraestrutura resiliente e o apoio a comunidades mais vulneráveis aos impactos climáticos.
2024 é um alerta claro de que o aquecimento global não é mais uma ameaça distante, mas uma realidade com consequências cada vez mais graves para o nosso planeta. O caminho para reverter esse quadro é estreito e exige acção imediata.
Cacilda Zunguze
Chamo-me Cacilda Zunguze, tenho 23 anos de idade, e moro na cidade da Matola. Curso do 4.º ano de Licenciatura em Jornalismo na Escola de comunicação e Artes (ECA) da Universidade Eduardo Mondlane (UEM). Tenho admiração pela área da escrita e edição de vídeos e textos. No projecto Entre Aspas dedicou-me a editoria de Turismo & Meio Ambiente.