Realidade virtual: um novo alvo de cuidados paliativos?

A realidade virtual, uma tecnologia em rápido crescimento, tem sido amplamente explorada em diversos campos, desde a educação à a indústria. No entanto, uma nova aplicação surpreendeu os pesquisadores: a utilização da realidade virtual como uma ferramenta de apoio aos cuidados paliativos. Um ensaio clínico recente mostrou que a realidade virtual pode trazer conforto e melhorar a qualidade de vida de pacientes com cancro em estado grave.

A importância dos cuidados paliativos

Os cuidados paliativos são uma especialidade interdisciplinar que tem como objectivo aliviar os sintomas das pessoas que enfrentam doenças graves e potencialmente fatais, aumentando sua qualidade de vida. Apesar de sua relevância, a Organização Mundial da Saúde estima que apenas 14% dos quase 57 milhões de indivíduos que necessitam anualmente desse suporte o recebem. A realidade virtual pode ser uma solução para ajudar a alcançar esse objectivo.

A terapia FLOW-VRT-Relaxation

O Flourishing-Life-Of-Wish Virtual Reality Relaxation Therapy (FLOW-VRT-Relaxation), cujo nome, em tradução livre, significa algo como “desejos de vida desabrochando”, foi aplicada em pacientes com cancro em estado grave. A terapia ensina técnicas de respiração aos pacientes, para desacelerar seus batimentos cardíacos, e os exercícios são potencializados através da imersão num vídeo panorâmico, com a utilização de um ‘headset’ de RV.

Os resultados do ensaio clínico

Entre novembro de 2022 e setembro de 2023, 128 pessoas com cancro em estágio terminal tornaram-se voluntários do ensaio clínico. Metade delas foi submetida à imersão na RV, enquanto os demais ficaram com a abordagem terapêutica tradicional. Foram exibidos oito vídeos capazes de proporcionar sentimentos de alegria e tranquilidade, e até como uma forma de realizar um desejo de fim de vida como, por exemplo, ver as cerejeiras em flor num jardim japonês.

Eficácia da terapia

Além do retorno positivo espontâneo vindo das pessoas, a eficácia da terapia foi validada por um questionário que mede sintomas comuns em pacientes com cancro, como dor, ansiedade e depressão. Uma pontuação menor no teste, conhecido como Edmonton Symptom Assessment System, significa um bem-estar físico e mental mais elevado – e esse era o quadro do grupo que viveu as experiências de imersão na realidade virtual. Os resultados foram publicados ontem na revista científica “Frontiers in Virtual Reality”.

A realidade virtual tem se revelado como uma ferramenta promissora para os cuidados paliativos, trazendo conforto e melhorar a qualidade de vida dos pacientes com câncer. A tecnologia tem o potencial de expandir sua aplicação para outras doenças graves e fatais, abrindo muitas portas para melhorias no tratamento e no bem-estar dos pacientes. Com a realidade virtual como aliada, os cuidados paliativos podem alcançar um novo patamar de eficácia e impacto na vida das pessoas.

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Amina Soares

Amina José Soares António é estudante do Ensino Superior na Universidade Eduardo Mondlane (UEM), onde cursa Marketing e Relações Públicas. Desempenha o papel de jornalista na Revista Entre Aspas, dedicando-se a matérias relacionadas com Lifestyle e Bem-Estar.

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