Os criadores de conteúdo e os servidores digitais enfrentam grandes perdas nos últimos dias devido às restrições da internet em Moçambique.
Num momento em que a economia digital está em expansão devido ao crescimento do uso das redes sociais como plataformas de negócios, muitos moçambicanos encontraram na internet uma forma de empreender. Pequenos comerciantes vendem produtos e serviços em páginas do Instagram, Facebook e WhatsApp, enquanto criadores de conteúdo usam plataformas como YouTube e TikTok para monetizar vídeos, atrair patrocinadores e promover marcas.
No entanto, o recente apagão trouxe à tona a fragilidade dessa dependência. Criadores de conteúdo, como influenciadores e youtubers, relataram a incapacidade de cumprir contratos publicitários devido à impossibilidade de publicar os seus conteúdos quando fosse de noite, especialmente entre o horário das 19h00 e 22h00.
Vendedores digitais, por outro lado, enfrentaram o cancelamento de pedidos e a perda de clientes, prejudicando suas receitas.
Maria Macuácua, criadora de conteúdo digital e empreendedora, compartilhou a sua experiência: “Durante os dias de interrupção da Internet, tive prejuízos enormes, pois tinha encomendas pendentes, até chegar ao ponto de manchar a minha imagem, porque novas clientes haviam feito depósitos, e não pude cumprir com as datas previstas para entregas. Não consegui acessar as redes sociais para divulgar o meu trabalho. Tive que lidar com a frustração de não poder responder aos clientes a tempo e não cumprir com os prazos, o que acabou afectando a minha credibilidade.”
Para os pequenos empreendedores digitais, o apagão trouxe perdas financeiras significativas. Muitos relataram dificuldades para acessar métodos alternativos de comunicação, como ligações telefónicas ou mensagens de SMS, que nem sempre são eficazes no gerenciamento de um negócio.
Empresas maiores, com recursos para utilizar redes de “backup” ou sistemas “offline”, enfrentaram desafios menores, mas o impacto foi sentido principalmente pelos pequenos negócios.
Os vendedores que utilizam o WhatsApp, como principal canal de comunicação, a situação foi igualmente desafiadora. “A maior parte dos meus clientes faz pedidos pelo WhatsApp. Com a internet fora do ar, perdi encomendas que poderiam ter sido entregues na semana passada”, lamentou Ema Sixpence, comerciante de moda.
Ela ainda conta que perdeu clientes devido à falta de resposta no WhatsApp. “Minha loja funciona quase 100% online. Sem internet, fiquei invisível para os meus clientes.”
No mesmo contexto, vendedores online enfrentaram cancelamentos e atrasos nas encomendas.
Apesar dos desafios, o apagão também foi um momento de aprendizado. Muitos trabalhadores digitais compartilharam histórias de resiliência e criatividade. Redes de apoio, como grupos de empreendedores, surgiram para ajudar na divulgação de produtos e serviços por métodos alternativos, como panfletos físicos e telefonemas.
Para que a economia digital moçambicana continue a crescer, será necessário um esforço conjunto entre governos, operadoras de telecomunicação e profissionais digitais para fortalecer a infraestrutura e criar mecanismos de resposta rápida para crises como esta.
Enquanto isso, os trabalhadores digitais seguem reinventando-se, mostrando a força e a adaptabilidade do empreendedorismo moçambicano em tempos de incerteza.
Milca Nhabanga
Sou Milca Nhabanga, 26 anos, residente em Intaka, estou a concluir o 4º. ano de Licenciatura em Jornalismo pela Universidade Eduardo Mondlane (UEM). Apaixonada pela comunicação, actuo na área de redacção e audiovisual, com foco em narrativas dinâmicas e envolventes que capturam o impacto da informação