O problema mundial a nível estatístico revela que as mulheres são as que mais tentam suicídio do que os homens e na nossa sociedade passam abusos, sofrem preconceitos, são pouco compreendidas dentro daquilo que são suas demandas, revelou o especialista em Terapia Cognitivo Comportamental, Milton Moçambique, em entrevista exclusiva a Entre Aspas.

Afecto à Psiquiatria do Hospital Central de Maputo, para Moçambique, o suicídio é um problema que afecta a todos e temos de ter em conta factores de risco como a depressão, transtornos de personalidade, a ansiedade, o desespero, as drogas, pois podem precipitar o indivíduo a cometer este mal.

O especialista sublinhou que é importante ter em conta que existe ajuda a nível nacional nas unidades sanitárias: “o individuo que tentou suicídio e não conseguiu tem direito a um aconselhamento, para que possa ser treinado a ter estratégias de como lhe dar com as demandas da vida e olhar para outras alternativas e é preciso ter o apoio da família.”

Num outro momento, Moçambique advertiu que quando um indivíduo tenta tirar a sua vida não devemos o julgar, muito pelo contrário, “temos de acolhê-lo para poder entender o que é que aconteceu e compreender como é que pode ser ajudado.”

Até que se prove o contrário, acrescenta o nosso entrevistado, cada um de nós precisa de ajuda. “Precisamos nos conectar a nível social, económico e a medida que vamos nos fortalecendo, alguns problemas de depressão e ansiedade podem ser resolvidos a partir do momento que temos uma cooperação social saudável.”

Já sobre a campanha ‘Setembro Amarelo’, Carlota Muianga, psicóloga, disse ser uma oportunidade para reforçar a prevenção e promover acções que reduzam o número e tentativas de suicídio no mundo. “A data veio para trazer uma consciencialização, porque temos esse fenómeno que é muito negativo que vem se alastrando e tem influenciado negativamente na sociedade.”

“Para ajudar uma pessoa a não ter comportamentos suicidas devemos primeiro identificar esse tipo de pensamento e depois afastar esse pensamento suicida que pode levar a decisão de tirar a própria vida”, afirmou a fonte.

Muianga acrescentou que é preciso saber diferenciar o comportamento da criança e fazer acompanhamento, o que não acontece “é preciso conversar e, hoje em dia, cada um vive nas redes sociais, na televisão. E devido a essa ausência, o pouco tempo que os pais têm cada um vive os seus interesses e isso pode levar o seu filho ou familiar a tomar essa decisão fatal.”

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 11 em cada 100 mil pessoas morrem por suicídio anualmente em África, acima da média mundial de nove em cada mil pessoas, e em Moçambique, só em 2022, foram registadas 3,542 tentativas de suicídio.

O Dia Mundial da Prevenção do Suicídio é comemorado todos os anos no dia 10 de Setembro e é acompanhando por campanhas de prevenção. De referir que a cor amarela faz referência a um jovem dos Estados Unidos da América que se suicidou aos 17 anos de idade, ele tinha um Ford Mustang amarelo e foi encontrado sem vida dentro do carro.