A Ministra da Terra e Ambiente, Ivete Maibaze, defendeu que, Moçambique, apesar de ser menos poluente e altamente vulnerável aos efeitos nefastos das mudanças climáticas, com impactos que representam um obstáculo significativo aos esforços e ambições de desenvolvimento, não se coloca apenas numa posição de vítima, mas sim como parte integrante da solução.
A dirigente defendeu esta posição explicando que, o país tem um potencial hidroelétrico único, recursos solares abundantes e reservas significativas do gás natural. Estes recursos, quando aproveitados de forma eficaz, podem não só reduzir os impactos ambientais relacionados aos gases do efeito estufa, mas também aproximar as nações das ambições de sustentabilidade e de desenvolvimento.
A governante moçambicana, que falava esta quarta-feira (6), numa mesa redonda sobre a Transição Energética de Moçambique, organizada à margem da Cimeira do Clima em África, que decorre em Nairobi, Quénia, trouxe ao debate a necessidade de envolver os países menos poluentes, que muito pouco fazem parte das discussões sobre a transição energética global.
O Presidente da República, Filipe Nyusi, já tinha abordado sobre a prontidão de Moçambique para a transição energética, no âmbito da mitigação dos efeitos das mudanças climáticas.
Ano passado, no Egipto, numa mesa redonda sobre a Transição energética na África Austral, organizada no âmbito da COP 27, Nyusi apontou o gás como energia limpa para esta fase de transição, por ser menos poluente.
Na mesa redonda que contou com a presença de representantes do Banco Africano de Desenvolvimento, da fundação Tony Blair e do Fundo Climático de Investimento, o presidente Nyusi apontou ainda o uso de energia hídrica, como outra contribuição do país no projecto de uso de energias limpas na região da África austral.
Aliás, não é de hoje que Moçambique entra para o debate global sobre a transição energética, entendida como o processo de substituição de combustíveis fósseis por fontes de energia de baixo carbono.
Os combustíveis fósseis dão conta de aproximadamente 84% das necessidades de consumo de energia no mundo, pelo que uma mudança estrutural significativa nos mecanismos de produção e consumo de recursos energéticos tem implicações diferentes de acordo com as condições políticas e socioeconómicas de cada país.
Este debate começa a ganhar vigor com iminente início da exploração do gás natural na província nortenha de Cabo-Delgado e, na última década, o debate sobre a transição energética desdobrou-se para incluir questões como “transição justa”, “democracia energética” e “pobreza energética” com o objectivo de reduzir as desigualdades globais, regionais e locais.
Recorde-se que por esta acção de redução da emissão de carbono, Moçambique recebeu 4.6 milhões de dólares dos quais 70% para as comunidades.